No post anterior, vimos o que são startups de verdade e as grandes fases pelas quais elas passam. Sabemos que várias conseguem chegar a um negócio viável mas não necessariamente escalável, e também que algumas conquistam aportes de investidores para crescerem mais.
Se você leu a parte 1 com cuidado, deve ter concluído uma coisa por conta própria: só ter uma ideia, um protótipo ou projeções sobre um produto a ser criado não é suficiente para se saber o valor da sua startup. Neste ponto, não procure investidores, nem queime cartucho pedindo ajuda a ninguém para encontrá-los… Antes disso, você precisa passar por algumas etapas importantes na reta do tempo:
Notou os cinco marcos em negrito que dividem as seis fases? É deles que falaremos a partir de agora, porque não há como falar de valuation sem entender em que pontos ele é realmente relevante e significativo.
1. Da ideia ao negócio: esqueça o valuation.
Sua ideia ainda não tem valor porque ela é somente uma ideia. Provavelmente você não é capaz de verbalizá-la facilmente, e demora um pouco até mesmo para explicá-la…
Um exemplo seria pedir a Larry Page e Sergey Brin que explicassem sua ideia bem na concepção, quando o page rank ainda era um funcionalidade útil do Backrub. Qual das duas alternativas eles começaram usando – 1 ou 2?
- “O Backrub é um mecanismo de busca que entrega o resultado mais relevante na primeira posição para 9 em cada 10 buscas. Isso é 300% mais eficiente que os engines atuais.”
- “Criamos um algoritmo capaz de inferir relevância a partir das relações entre as páginas, fazendo com que a própria web seja capaz de apontar quais páginas são (…) conforme comprovado por testes (…) após indexar mais de 100 mil páginas (…) é possível chegar a um percentual de acerto de (…)”
Eu aposto na 2. E a resposta que a grande maioria dos investidores daria? “Ok, você é o novo Altavista, o novo Lycos. E como você gera receita? Já sei: publicidade…” Demorou um bom tempo até o Google perceber que os anúncios patrocinados ao lado das buscas – pagos através de livre arbitragem de preços por seus consumidores – seriam o modelo de negócio que os tornaria viáveis.
Entenda: o negócio deve ser descrito como “o cliente tem o perfil P, e ele dá R$ X por dia/mês/ano em troca dos benefícios A, B e C”. Se você não é capaz de descrever isso para seu produto e soar verossímil, esqueça valuation ou investimento.
2. Do negócio ao protótipo: estude valuation.
Nos Estados Unidos os empreendedores têm sorte: lá existe capital de risco (risco mesmo – as pessoas experimentam investir em idéias que não se provaram úteis, mas que possuem potencial). Já aqui no Brasil, dificilmente você vai conseguir um cheque de US$ 100 mil como Page e Brin conseguiram – pelo menos não antes de criar um protótipo para tornar o negócio um pouco mais tangível para potenciais investidores e clientes. Um protótipo mostra o mínimo de comprometimento pelo fato de você ter investido seu próprio tempo antes de pedir dinheiro dos outros.
Seu protótipo não precisa ter muita coisa. Basta usar Axure, Powerpoint, HTML ou mesmo papel para criar um mockup ou wireframe – o importante é mostrar o processo, dar noção da manipulação, fluxo de navegação, informações de alto nível e os principais conceitos do produto. Isso será imprescindível para começar a validar suas idéias junto aos diferentes públicos, e custa bem menos do que fazendo um software funcional para ter feedback direto do cliente. Veja um exemplo aqui e um bom tutorial aqui para produtos Web, além da ótima experiência com mockups que o Flowtown demonstra no vídeo abaixo.
Com um protótipo tangível e uma boa dose de feedback de usuários, você poderá começar a descobrir os itens que irão influenciar a monetização, custos e despesas da sua operação futura. Considere isso seu para-casa do valuation.
3. Do protótipo ao produto: exercite o valuation.
Agora que você testou o seu protótipo por meses, finalmente consegue enxergar um produto que se mostrou viável. Durante esse tempo, há uma boa chance que você tenha contratado um designer, desenvolvedores ou ao menos pedido favores aos amigos para ajudarem na sua busca pelo Santo Graal. Isso significa que você já está em operação, mesmo que informal: há prazos para cumprir, e coisas que você deixou de fora porque não tinha pessoas suficientes.
Nesse ponto, ao invés de ligar sua camuflagem e andar escondido com uma ideia debaixo do braço, você deve mostrar seu protótipo ao máximo de pessoas que puder – não só entre seus clientes-alvo, mas também outros perfis potencialmente interessados (parceiros, distribuidores, entre outros). Faça o produto mais simples que puder, mas que permita extrair o máximo de aprendizado do seu público com o menor esforço possível. Esse processo é o único capaz de lapidar seu protótipo ao ponto de chegar a um MVP – Minimum Viable Product, ou produto minimamente viável.
A partir do MVP, você é capaz de exercitar diferentes cenários de receita e volume de mercado. Por exemplo, usar a precificação X reduz clientes mas aumenta a margem por cliente, enquanto o modelo de precificação Y faz com que mais clientes paguem menos, mas seja possível ganhar mais na cauda longa. Esse é o momento em que você mais precisa exercitar o valuation, mas ao mesmo tempo começa a se sentir confortável para calculá-lo. Trata-se também do melhor momento possível para fechar um acordo com investidores, pois com um aporte você estará prolongando o tempo de estudo do produto e testando modelos de negócio mais ou menos escaláveis.
4. Do produto ao product/market fit: garanta seu valuation.
O conceito de Product/Market fit é simples: os clientes estão pagando pelo seu produto em uma proporção quase maior do que você consegue entregá-lo, e o dinheiro está deixando sua conta bancária bem gordinha.
Calcular quanto sua startup vale nesse ponto é simplesmente um exercício de valores em uma planilha Excel. Você já tem todos os dados necessários, conhecimento histórico e as rédeas do negócio na mão: agora preocupe-se em expandir sua receita e pergunte-se se você precisa mesmo de investimento externo.
5. Do market-fit ao market-share: você já sabe quanto vale.
Esse é o ponto em que você é capaz de dizer “nós temos X% do mercado”. Seu projeto começa a deixar de ser uma startup e passa a despertar interesse em fundos de venture capital um pouco maiores. Nesse momento, fazer um valuation é o menor dos seus problemas – você estará atrás de investimentos para fazer fusões, comprar empresas concorrentes ou expandir sua operação para outros países.
Conclusões
O mais importante sobre valuation é saber onde ele se encaixa, e em que parte do ciclo sua startup está. Não adianta entrar na hora errada, porque isso só vai gerar desgaste, ansiedade, perda de tempo e muito pouco aprendizado. Seguir o ciclo proposto – ideia, negócio, protótipo, produto, product/market fit – irá ajudá-lo a trabalhar mais focado e com menos percalços.
Concluindo então: o valuation é quase irrelevante até que um protótipo funcional esteja disponível para obter o feedback dos primeiros usuários. Quando o produto começa a tomar forma (fases 3 e 4) ele é capaz de obter receita e começa a balizar os dados necessários para um valuation de verdade. No decorrer dessas fases, as diferentes mudanças na estratégia do produto (os pivots) só se justificam se aumentarem o valuation prévio – caso contrário, dê um passo atrás e replaneje. Quer que repita? Valuation de verdade, só na fase 4; no decorrer da 3, ele pode ser uma tentativa válida. Até lá ele será somente um chute: você pode ser muito bom e errar, ou pode não ser tão bom mas acertar.
Para terminar, se você já viu “The Hudsucker Proxy” dos Irmãos Coen, pode sentir que receber investimento para sua startup é um pouco como o caso retratado pelo filme.
- O pitch. Tim Robbins passa boa parte do filme mostrando a todos um papel com um círculo desenhado, claramente surpreso quando as pessoas não entendiam sua idéia. No vídeo abaixo ele já tinha treinado seu pitch na língua dos VCs e o apresenta ao Conselho (veja até 00:35). Lembre-se: você precisa convencer pessoas com mentalidade diferente da sua de que seu produto funciona.
- O pré-julgamento. Conselheiros, assim como investidores, sempre tentam prever tudo sobre o mercado. Eles fazem um esforço sincero entre 00:35 e 1:07 no vídeo, bombardeando o empreendedor com tudo que ele não havia pensado sobre o produto, sua aceitação e operação.
- A isca. Um dia você irá encontrar um ou mais investidores que influenciam o restante da banca de avaliação, e são justamente esses – por razões nem sempre sinceras ou claras – que podem fazer você conseguir um sim ou um não. Vejam o que Paul Newman faz entre 1:09 e 1:40.
- A pegadinha. Claro, você é o empreendedor… e na hora em que consegue uma aprovação, uma nova leva de problemas começa. Veja o porque entre 1:40 e 1:55.
O restante do vídeo é divertido como alegoria ao processo de aprovação, fabricação, marketing e definição de preço do produto… O filme inteiro, provavelmente disponível na sua locadora, vale a pena porque permite ver a mentalidade do jovem empreendedor mudando ao longo do tempo (moldado pela realidade dura das empresas).
Agora responda: a partir de que ponto do vídeo você enxerga ser possível fazer um valuation útil desse produto? Isso é muito diferente da realidade de qualquer outro produto a ser colocado no mercado? Pense um pouco sobre isso tudo e tente situar o seu caso na linha do tempo. No próximo post, falaremos finalmente sobre métodos de valuation.
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21 Comments on "Quanto vale sua startup – Parte 2"
Eric Santos
12/05/2010Yuri,
Acho que tá bem bacana como orientação geral aos empreendedores, e concordo que em teoria a fase 4 é a melhor fase para pensar em valuation, já que é só a partir daí que é possível tentar justificar qualquer planilha de projeção financeira.
No entanto, já acompanhei de perto diversos exemplos de investimentos em Startups nos quais o valuation foi tirado "out of thin air". Para falar a verdade, foi o que eu mais vi até agora...
Não estou dizendo que é o certo, ou mesmo que os empreendedores devam contar com isso, mas no final das contas tanto o valuation quanto o timing do investimento na história da empresa dependem de uma série de fatores: perfil do investidor, conhecimento/confiança no empreendedor, conhecimento e influência do investidor no mercado, outros investimentos do portfolio, "paixão" pela ideia, ego, etc.
Como um consultor de fusões me falou uma vez, valuation em Startups é simples. O empreendedor quer pedir uma coisa, o investidor está disposto a dar outra (dado que gostou da empresa), e aí começa a "masturbação mental" na planilha para que se chegue junto a um meio-termo lógico que atenda aos dois e que eventualmente possa se justificar a terceiros.
Ainda assim, o conselho de fazer o cara tentar chegar até a fase 4 sem tentar recorrer a investidores é muito valioso. É a coisa mais próxima que temos de ser uma fórmula "replicável".
Abs,
@ericnsantos
Ps. Coincidentemente, o Fred Wilson passou por esse tema no post de hoje:
http://www.avc.com/a_vc/2010/05/from-hopes-and-dreams-to-the-real-thing.html
Anonymous
12/05/2010Oi Eric,
Entendo seu ponto e concordo que o valuation 'out of thin air' é comum - mas ele é um chute, não é valuation de verdade. Ele pode até ser um método aceitável mas não é recomendável, e vamos falar disso no próximo post.
A barganha contada pelo consultor de fusões que você citou é um processo de negociação que sempre vai existir, seja o valuation realista ou chutado... Uma coisa é quanto sua startup vale, a outra é quanto você está disposto a receber considerando o quanto querem pagar (tratamos disso na parte 1).
O objetivo da série "quanto vale sua startup" é tentar fazer o empreendedor pensar muito a respeito do valuation, e tomar sua própria decisão sobre até onde quer levar isso a sério. O aprendizado vem justamente do processo de análise do que deve ou não ser levado em conta, e não do valuation em si! :)
Abração,
-- Yuri
Eric Santos
13/05/2010Concordo contigo Yuri, só de pensar sobre o valuation já é um exercício muito importante. A minha observação foi mais no sentido de complementar o raciocínio lembrando que os deals às vezes não tem muita relação com um valuation lógico.
Aproveitando o embalo, como você vê os Angels/fundos de Seed Money no Brasil (investimento em ideia, protótipo ou produto pré-Product/Market Fit)? É algo que você recomenda para o pessoal ir atrás nessa etapa?
Sabemos que em geral dá para se virar sem o dinheiro ou contando com outras fontes, mas você vê que esse pessoal tem agregado valor além da questão financeira?
E concordo com o Diego. A série tá muito boa mesmo!
Abraço!
@ericnsantos
Anonymous
13/05/2010Sendo bem sincero, a minha experiência diz que:- fundos de seed money querem ganhar chamadas do Inovar Semente (FINEP), investir em empresas que já não são mais startups e crescer para atuar com private equity- angel groups têm atuação ainda tímida porque seu custo de oportunidade é alto, e por isso preferem investir em negócios um pouco mais sólidos que startups (empresas de TI B2B, empresas web B2C com receita previsível - mesmo que não escalável).Por isso, seed funds tendem a investir em empresas da fase 4 (receita) e angel groups tendem a preferir as fases 2 (implementação) e 3 (operação). Existem sim alguns angels investindo em idéias desde que acompanhadas de equipes muito boas, mas como não existe referência para valuation... eles jogam o valor muito para baixo e os empreendedores acabam se sentindo "pressionados" a aceitar.Essas tendências na atuação de seed funds e a disponibilidade de capital de angels devem melhorar em 2011 por 3 razões:1. as novas regras da 5.a chamada do Inovar Semente ampliaram para até 70% a participação de capital público e exigem que no mínimo 80% do montante do fundo seja investido em empresas com faturamento até R$ 2,4 milhões. Como a composição mínima para montar um fundo é de R$ 30 milhões, isso significa que um grupo de angels precisa captar somente R$ 9 milhões em investimento privado para tentar ser elegível na 5.a chamada. Isso provavelmente vai aumentar bastante o número de fundos, e uma corrida no mercado por gestores aprovados pela CVM.2. os empreendedores estão amadurecendo mais rápido, e tentando definir negócios mais atrativos antes de correr atrás do dinheiro de outros.3. vamos começar a ver mais notícias sobre investimentos em startups durante 2010, e isso gradualmente aquece o mercado.
Eric Santos
12/05/2010Yuri,
Acho que tá bem bacana como orientação geral aos empreendedores, e concordo que em teoria a fase 4 é a melhor fase para pensar em valuation, já que é só a partir daí que é possível tentar justificar qualquer planilha de projeção financeira.
No entanto, já acompanhei de perto diversos exemplos de investimentos em Startups nos quais o valuation foi tirado "out of thin air". Para falar a verdade, foi o que eu mais vi até agora...
Não estou dizendo que é o certo, ou mesmo que os empreendedores devam contar com isso, mas no final das contas tanto o valuation quanto o timing do investimento na história da empresa dependem de uma série de fatores: perfil do investidor, conhecimento/confiança no empreendedor, conhecimento e influência do investidor no mercado, outros investimentos do portfolio, "paixão" pela ideia, ego, etc.
Como um consultor de fusões me falou uma vez, valuation em Startups é simples. O empreendedor quer pedir uma coisa, o investidor está disposto a dar outra (dado que gostou da empresa), e aí começa a "masturbação mental" na planilha para que se chegue junto a um meio-termo lógico que atenda aos dois e que eventualmente possa se justificar a terceiros.
Ainda assim, o conselho de fazer o cara tentar chegar até a fase 4 sem tentar recorrer a investidores é muito valioso. É a coisa mais próxima que temos de ser uma fórmula "replicável".
Abs,
@ericnsantos
Ps. Coincidentemente, o Fred Wilson passou por esse tema no post de hoje:
http://www.avc.com/a_vc/2010/05/from-hopes-and-...
yurigitahy
12/05/2010Oi Eric,
Entendo seu ponto e concordo que o valuation 'out of thin air' é comum - mas ele é um chute, não é valuation de verdade. Ele pode até ser um método aceitável mas não é recomendável, e vamos falar disso no próximo post.
A barganha contada pelo consultor de fusões que você citou é um processo de negociação que sempre vai existir, seja o valuation realista ou chutado... Uma coisa é quanto sua startup vale, a outra é quanto você está disposto a receber considerando o quanto querem pagar (tratamos disso na parte 1).
O objetivo da série "quanto vale sua startup" é tentar fazer o empreendedor pensar muito a respeito do valuation, e tomar sua própria decisão sobre até onde quer levar isso a sério. O aprendizado vem justamente do processo de análise do que deve ou não ser levado em conta, e não do valuation em si! :)
Abração,
-- Yuri
Eric Santos
13/05/2010Concordo contigo Yuri, só de pensar sobre o valuation já é um exercício muito importante. A minha observação foi mais no sentido de complementar o raciocínio lembrando que os deals às vezes não tem muita relação com um valuation lógico.
Aproveitando o embalo, como você vê os Angels/fundos de Seed Money no Brasil (investimento em ideia, protótipo ou produto pré-Product/Market Fit)? É algo que você recomenda para o pessoal ir atrás nessa etapa?
Sabemos que em geral dá para se virar sem o dinheiro ou contando com outras fontes, mas você vê que esse pessoal tem agregado valor além da questão financeira?
E concordo com o Diego. A série tá muito boa mesmo!
Abraço!
@ericnsantos
yurigitahy
13/05/2010Sendo bem sincero, a minha experiência diz que:
- fundos de seed money querem ganhar chamadas do Inovar Semente (FINEP), investir em empresas que já não são mais startups e crescer para atuar com private equity
- angel groups têm atuação ainda tímida porque seu custo de oportunidade é alto, e por isso preferem investir em negócios um pouco mais sólidos que startups (empresas de TI B2B, empresas web B2C com receita previsível - mesmo que não escalável).
Por isso, seed funds tendem a investir em empresas da fase 4 (receita) e angel groups tendem a preferir as fases 2 (implementação) e 3 (operação). Existem sim alguns angels investindo em idéias desde que acompanhadas de equipes muito boas, mas como não existe referência para valuation... eles jogam o valor muito para baixo e os empreendedores acabam se sentindo "pressionados" a aceitar.
Essas tendências na atuação de seed funds e a disponibilidade de capital de angels devem melhorar em 2011 por 3 razões:
1. as novas regras da 5.a chamada do Inovar Semente ampliaram para até 70% a participação de capital público e exigem que no mínimo 80% do montante do fundo seja investido em empresas com faturamento até R$ 2,4 milhões. Como a composição mínima para montar um fundo é de R$ 30 milhões, isso significa que um grupo de angels precisa captar somente R$ 9 milhões em investimento privado para tentar ser elegível na 5.a chamada. Isso provavelmente vai aumentar bastante o número de fundos, e uma corrida no mercado por gestores aprovados pela CVM.
2. os empreendedores estão amadurecendo mais rápido, e tentando definir negócios mais atrativos antes de correr atrás do dinheiro de outros.
3. vamos começar a ver mais notícias sobre investimentos em startups durante 2010, e isso gradualmente aquece o mercado.
Diego Remus
13/05/2010Primeiro concordei com o post, depois com o comentário do Eric, depois com a resposta do Yuri. Creio que são verdades complementares, que ainda podem ser complementadas: um estudo de viabilidade, com uma boa análise mercadológica, feito mesmo antes de se tirar a ideia do papel, pode dar sim algo muito parecido com uma valuation típica, ou até melhor. Basta saber a qual fase da startup ela se refere (market share, creio). Mas, claro, talvez dependa do modelo de estudo de viabilidade e análise mercadológica. Pode parecer chatice de economista, mas talvez seja mais tolerável do que chutômetro.
Parabéns (ou obrigado?!) pela série!
Anonymous
13/05/2010Fala Diego! A análise de mercado pode ajudar muito na definição do negócio e produto, mas acho difícil o projeto tradicional de estudo mercadológico servir para uma startup: ele consome mais custos do que o empreendedor tem condições de pagar no início.
A tendência mais comum hoje é a simplificação desse processo por algo mais iterativo - dê uma pesquisada sobre [ customer development lean startup ] para ler mais sobre isso nos blogs do Eric Santos, Eric Ries e outros cases relatados na web.
Marco Fisbhen
17/05/2010Yuri,comentando sobre dois assuntos distintos:1) Acho academicamente genial o conceito de "customer development" e toda a defesa do Steven Blank sobre a distinção entre "business school" e "entrepreneurship school", mas você não acha que muitos dos angels brasileiros estão ainda "crus" pra essas noções? Quero dizer, eu tenho a impressão que durante negociações de investimento anjo as discussões na prática giram muito mais em torno de temas "classicos" de gestão do que sobre possíveis pivôs e lançamento de um "minimum viable product". Meu ponto é o seguinte: embora na prática o empreendedor tenha que conhecer o "estado da arte" de desenvolvimento de startups para que de fato o negócio decole, na hora de sentar para negociar o investimento anjo, 90% das vezes o assunto será a estratégia de lançamento/operações sob um ponto de vista "tradicional". Você concorda?2) Concordo plenamente com você em "O aprendizado vem justamente do processo de análise do que deve ou não ser levado em conta, e não do valuation em si!" e acho que podemos traçar uma analogia com escrever um business plan. Embora todas as idéias da startup possam estar resumidas em um deck de 10 slides, o processo analítico necessário para escrever o BP é essencial para a percepção de diversos pontos que podem ter sido ignorados.Continue com a série! Aguardo o próximo post.Um abraço,@marco_fisbhen
Anonymous
17/05/2010Marco, é um pouco por aí. Os angels brasileiros são muito experientes - só que em sua maioria, são executivos ou ex-executivos de multinacionais. Pra eles, gestão de startups é a gestão tradicional, adaptando o que é aplicável ou não numa pequena empresa. Se a startup tiver um MBA na equipe investida, isso provavelmente os deixará mais tranquilos. Então não é questão de serem crus, e sim de que o paradigma é outro.O outro lado também é correto: os empreendedores brasileiros que os angels têm avaliado têm se mostrado fracos em gestão e negócios. A única solução para isso é que os angels precisam apoiar a capacitação de empreendedores (mesmo os não investidos), e também atuarem de perto na rotina das startups onde investem.A referência de gestão que usamos na Aceleradora mistura tanto os conceitos novos quanto tradicionais, e tenta adaptá-los para a realidade de cada empresa. Aliás, comentando justamente sobre o hype em torno de lean startups e os "novos métodos", o @GiffConstable (Aprizi) publicou um post legal esses dias:http://giffconstable.com/2010/05/lean-startup-m...Abraço,-- Yuri
Marco Fisbhen
17/05/2010Yuri,
não quis dizer que os anjos são inexperientes, e sim que talvez estejam crus justamente para estas noções (minimum viable product, customer development, etc).
Aliás, valeu pela dica do @giffconstable. Mais um RSS pra assinar e @ pra seguir...
Tentando iniciar um outro ponto, sabendo que as expertises necessárias para a gestão das startups são muito diferentes ao longo de seu desenvolvimento, e que os conceitos de lean startups estão ainda muito difusos na internet (tirando o 4 steps to the epiphany os conceitos estão espalhados em blogs e apresentações), qual é o "balanço educacional" que você considera ideal para os gestores?
O Mintzberg faz muitas críticas em relação aos MBA's tradicionais e no último livro que lançou avisa que a maioria das das empresas está "overled and undermanaged". Você concorda?
Muitas perguntas né?
Abs!
Marco
Anonymous
17/05/2010Ser cru em alguma coisa é sinônimo de a) desconhecimento, b) discordância, c) desinteresse, d) inexperiência, ou e) inaptidão (opções não mutuamente exclusivas). Concluo então que você estava se referindo ao primeiro. Eu imagino que sejam a), b) e c) juntos.Sobre a gestão, empresas de tamanhos e objetivos diferentes devem ser gerenciadas de formas diferentes, e quase sempre por pessoas diferentes - ou seja, a mesma startup pode precisar de gestores diferentes ao longo de seus primeiros anos. O mesmo vale para empresas tradicionais e mais maduras, em qualquer fase que elas estejam.O balanço educacional é um pouco mais complexo do que dá pra listar em um post de blog, mas a própria metodologia usada na Aceleradora tenta resolver isso com uma combinação e aprendizado gradual de conceitos vindos de diversas práticas, esferas e áreas do conhecimento.
Diego Remus
13/05/2010Primeiro concordei com o post, depois com o comentário do Eric, depois com a resposta do Yuri. Creio que são verdades complementares, que ainda podem ser complementadas: um estudo de viabilidade, com uma boa análise mercadológica, feito mesmo antes de se tirar a ideia do papel, pode dar sim algo muito parecido com uma valuation típica, ou até melhor. Basta saber a qual fase da startup ela se refere (market share, creio). Mas, claro, talvez dependa do modelo de estudo de viabilidade e análise mercadológica. Pode parecer chatice de economista, mas talvez seja mais tolerável do que chutômetro.
Parabéns (ou obrigado?!) pela série!
yurigitahy
13/05/2010Fala Diego! A análise de mercado pode ajudar muito na definição do negócio e produto, mas acho difícil o projeto tradicional de estudo mercadológico servir para uma startup: ele consome mais custos do que o empreendedor tem condições de pagar no início.
A tendência mais comum hoje é a simplificação desse processo por algo mais iterativo - dê uma pesquisada sobre [ customer development lean startup ] para ler mais sobre isso nos blogs do Eric Santos, Eric Ries e outros cases relatados na web.
Marco Fisbhen
17/05/2010Yuri,
comentando sobre dois assuntos distintos:
1) Acho academicamente genial o conceito de "customer development" e toda a defesa do Steven Blank sobre a distinção entre "business school" e "entrepreneurship school", mas você não acha que muitos dos angels brasileiros estão ainda "crus" pra essas noções?
Quero dizer, eu tenho a impressão que durante negociações de investimento anjo as discussões na prática giram muito mais em torno de temas "classicos" de gestão do que sobre possíveis pivôs e lançamento de um "minimum viable product".
Meu ponto é o seguinte: embora na prática o empreendedor tenha que conhecer o "estado da arte" de desenvolvimento de startups para que de fato o negócio decole, na hora de sentar para negociar o investimento anjo, 90% das vezes o assunto será a estratégia de lançamento/operações sob um ponto de vista "tradicional". Você concorda?
2) Concordo plenamente com você em "O aprendizado vem justamente do processo de análise do que deve ou não ser levado em conta, e não do valuation em si!" e acho que podemos traçar uma analogia com escrever um business plan.
Embora todas as idéias da startup possam estar resumidas em um deck de 10 slides, o processo analítico necessário para escrever o BP é essencial para a percepção de diversos pontos que podem ter sido ignorados.
Continue com a série! Aguardo o próximo post.
Um abraço,
@marco_fisbhen
yurigitahy
17/05/2010Marco, é um pouco por aí. Os angels brasileiros são muito experientes - só que em sua maioria, são executivos ou ex-executivos de multinacionais. Pra eles, gestão de startups é a gestão tradicional, adaptando o que é aplicável ou não numa pequena empresa. Se a startup tiver um MBA na equipe investida, isso provavelmente os deixará mais tranquilos. Então não é questão de serem crus, e sim de que o paradigma é outro.
O outro lado também é correto: os empreendedores brasileiros que os angels têm avaliado têm se mostrado fracos em gestão e negócios. A única solução para isso é que os angels precisam apoiar a capacitação de empreendedores (mesmo os não investidos), e também atuarem de perto na rotina das startups onde investem.
A referência de gestão que usamos na Aceleradora mistura tanto os conceitos novos quanto tradicionais, e tenta adaptá-los para a realidade de cada empresa. Aliás, comentando justamente sobre o hype em torno de lean startups e os "novos métodos", o @GiffConstable (Aprizi) publicou um post legal esses dias:
http://giffconstable.com/2010/05/lean-startup-m...
Abraço,
-- Yuri
Marco Fisbhen
17/05/2010Yuri,
não quis dizer que os anjos são inexperientes, e sim que talvez estejam crus justamente para estas noções (minimum viable product, customer development, etc).
Aliás, valeu pela dica do @giffconstable. Mais um RSS pra assinar e @ pra seguir...
Tentando iniciar um outro ponto, sabendo que as expertises necessárias para a gestão das startups são muito diferentes ao longo de seu desenvolvimento, e que os conceitos de lean startups estão ainda muito difusos na internet (tirando o 4 steps to the epiphany os conceitos estão espalhados em blogs e apresentações), qual é o "balanço educacional" que você considera ideal para os gestores?
O Mintzberg faz muitas críticas em relação aos MBA's tradicionais e no último livro que lançou avisa que a maioria das das empresas está "overled and undermanaged". Você concorda?
Muitas perguntas né?
Abs!
Marco
yurigitahy
17/05/2010Ser cru em alguma coisa é sinônimo de a) desconhecimento, b) discordância, c) desinteresse, d) inexperiência, ou e) inaptidão (opções não mutuamente exclusivas). Concluo então que você estava se referindo ao primeiro. Eu imagino que sejam a), b) e c) juntos.
Sobre a gestão, empresas de tamanhos e objetivos diferentes devem ser gerenciadas de formas diferentes, e quase sempre por pessoas diferentes - ou seja, a mesma startup pode precisar de gestores diferentes ao longo de seus primeiros anos. O mesmo vale para empresas tradicionais e mais maduras, em qualquer fase que elas estejam.
O balanço educacional é um pouco mais complexo do que dá pra listar em um post de blog, mas a própria metodologia usada na Aceleradora tenta resolver isso com uma combinação e aprendizado gradual de conceitos vindos de diversas práticas, esferas e áreas do conhecimento.