Todos pedem mais detalhes sobre como a Aceleradora funciona. Esses dados não foram divulgados antes por um motivo simples: o projeto existe na sua versão beta há algum tempo, e precisou de um período de adaptação (um pouco mais longo do que gostaríamos) para encontrar mais voluntários e permitir uma formatação que fosse entendida mais facilmente.
Qual o porque disso tudo?
A Aceleradora é essencialmente uma tentativa de quebrar o que os empreendedores em tecnologia chamam de “paradigma financista” dos VCs brasileiros, e ao mesmo tempo resolver o que os VCs chamam de “paradigma tecnológico” dos empreendedores. Coloco isso entre aspas porque são visões unilaterais, mas não são verdades absolutas… Funciona assim:
- Os fundos de capital semente, angel investors, angel funds têm regras e metas para aportar dinheiro em startups, mas quase nunca encontram projetos viáveis. A reclamação dos VCs é que os empreendedores focam menos do que deviam no negócio, não são bons gestores, ou escolhem negócios que não são suficientes para um retorno financeiro interessante e que justifiquem um aporte.
- Os empreendedores vivem criando idéias – das mais simples às mais mirabolantes – mas reclamam que os investidores não querem ajudar idéias nascentes, pois “só estão interessados no retorno financeiro imediato” (palavras repetidas por muitos).
O resultado disso: o VC não tem onde investir porque o mercado é imaturo, e o empreendedor desiste de excelentes idéias por falta de investimento.
Esses dois problemas acontecem porque ainda estamos assistindo aos primeiros passos do mercado de seed capital no Brasil. As startups realmente ainda não estão preparadas para receberem aporte, mas os poucos VCs brasileiros não necessariamente podem investir para fomentar o mercado. Alguns têm iniciativas concretas de apoio, mas não há um programa focado em capacitar empreendedores com mais eficiência e criar mais soluções viáveis.
Precisamos investir em retorno, e em empreendedores que consigam levar negócios sustentáveis. A boa notícia é que esses empreendedores já existem: diversos grupos estão em ebulição em diversas regiões, no interior e capitais, criando soluções inovadoras e com potencial de mercado… Mas eles estão espalhados e não conectados. É preciso ligar essas pessoas, e integrá-las para ajudarem umas às outras.
Ou os VCs investem um pouco agora na aceleração das startups existentes e evolução dos empreendedores que já estão implementando suas idéias, ou vão aumentar cada vez mais seu custo de oportunidade. O dinheiro dos fundos está rendendo no banco, e não está gerando todo o valor que poderia. Uma grande massa de empreendedores está se esforçando, mas não está gerando resultados concretos na velocidade que poderia. É preciso criar mais sinergia entre essas duas pontas.
Mas por que um VC investiria qualquer quantia a fundo perdido (pequena ou grande) na capacitação de empreendedores, sem saber se isso dará retorno? Porque a verba necessária é MUITO pequena, e alguém precisa fazer isso – ou o empreendedorismo tecnológico brasileiro irá demorar décadas para chegar a uma maturidade que já é possível atingir agora. É uma questão de decidir quem vai chegar na frente.
Nunca foi tão barato começar uma startup baseada em tecnologia ou produtos Internet. Existe uma janela de oportunidade gigante e aberta para o Brasil. Aqui na Aceleradora, nós temos um método que vem funcionando com resultados concretos… Agora só precisamos de ajuda pra chegar a mais startups.
Se você é um VC – brasileiro ou estrangeiro – e tem interesse em ajudar, fale com a gente.
17 Comments on "Transformando startups em negócios viáveis"
Gian Carlo Martinelli
02/10/2009Bravo!
Conte com a minha ajuda, do Desafio Brasil e do GVcepe. Todos nós estamos trabalhando com um objetivo comum em mente: a criação de um ambiente favorável ao empreendedorismo de alto impacto no Brasil.
Marcelo Linhares
02/10/2009Sensacional Yuri, parabéns (novamente) pela iniciativa, e vida longa a Aceleradora.
[]s
Daniel Coimbra
02/10/2009Particularmente acredito muito no potencial e criatividade dos empreendedores brasileiros, tudo acontece no tempo certo, e projetos viáveis e sustentáveis, tendem a se firmar e acontecer cada vez mais por aqui...
Sucesso a todos, e parabéns pela iniciativa!
Abs
Lucas Repolês
02/10/2009O texto e os slides estão bem esclarecedores. Essa iniciativa é fantástica e merece aplausos. Tenho certeza de que assim como eu, muitos empreendedores sentem falta desse apoio por aqui. Torço para que a idéia dê certo e produza bons frutos. Quero participar. Contem comigo!
Edmar Ferreira
02/10/2009Colocar uma ponte neste abismo entre VCs e startups no Brasil pode provocar uma verdadeira revolução no setor.
Lendo o texto fiquei com uma dúvida que talvez um de vocês possam responder. Em quanto tempo de modo geral os VCs brasileiros esperam retorno ? Como isto se compara a mercados mais maduros como os EUA ?
Como dito no texto é comum ouvirmos reclamações de empreendedores sobre o "paradigma financista" de VCs locais. O fato é que o número de "VCs" aqui no Brasil aumentou bastante nos últimos anos. O estranho é que o número de startups com financiamento de VCs brasileiros não parece ter aumentado muito.
Nos EUA temos os exemplo já clássicos de startups que demoraram para encontrar um modelo de negócios como por exemplo o próprio Google e mais recentemente o Facebook(que ainda não resolveu completamente o problema em minha opinião) e então o Twitter(Que diz não estar preocupado com isto agora). Esta abordagem é inclusive muito criticada nos EUA. No Brasil não me lembro de ter visto qualquer iniciativa sem um modelo de negócios bastante claro receber aporte de um VC. Isto é fruto de ponderação e cautela ou é mero medo do desconhecido ?
Edson Mackeenzy
02/10/2009Nós do Videolog.tv conhecemos bem a realidade de empreender no Brasil. A partir de seu post, vou ativar minha rede de contatos e engrossar o coro de quem acredita nesta idéia.
Aceleradora de Empresas, Eu acredito nesta idéia!
Hayala Curto
02/10/2009Muito bom Yuri,
A equipe da Neproject já está percebendo como a ajuda da Aceleradora é importante.
Sucesso!
Hayala Curto
Yuri Gitahy
02/10/2009Olá Edmar,
Vou tentar simplificar a resposta, porque isso dá muito pano pra manga.
Quando se fala de VC, estamos generalizando várias categorias:
- angel investors ou angel funds, normalmente aportando quantias pequenas com baixo risco de perda para transformar idéias em produtos.
- seed funds, ou fundos de capital semente, que podem ser formados tanto por capital privado, público ou um misto dos dois. Normalmente trabalham com quantias maiores que os angels, mas ainda em early-stage e tentando estruturar a operação.
- fundos de venture capital, que investem em empresas pequenas ou médias que já são viáveis, e tentam levá-las a um novo patamar de operação.
- fundos de private equity, normalmente investindo quantias bem maiores em empresas que faturam muitos milhões por ano.
Em um mercado maduro, esses grupos trabalham em sequência - ou seja, uma idéia nascente recebe dinheiro de um angel, que pode buscar um seed fund para uma operação maior, que se crescer bastante pode até pensar em buscar um VC de private equity. Daí para a frente, o próximo passo seria abrir o capital ou vender para um player maior.
Nos EUA, o volume de investimento que caracteriza cada um desses grupos é maior do que no Brasil. Por exemplo, o que chamamos de seed capital aqui está abaixo do patamar que os seed funds americanos trabalham. Outro exemplo é que nos EUA um seed fund já pode querer fazer um IPO, enquanto no Brasil isso seria mais difícil. Dessa forma, os retornos esperados, a aversão ao risco e as quantias investidas são bem diferentes - dado que a inflação, o custo de oportunidade e a remuneração esperada pelo investidor é diferente em cada país e cenário econômico.
Dito isso :) o tempo de desinvestimento (saída do investidor) esperado pelos seed funds brasileiros é normalmente de 5 anos. O retorno esperado é que 1 saída de sucesso pague por outros 7 ou 8 investimentos que não tiveram sucesso. Alguns fundos podem ter uma regra clara - por exemplo, "investimos em qualquer coisa que dê IGPM + 20% após 5 anos". Outros podem simplesmente investir porque a taxa de administração do fundo paga seus custos. Como você vê, a coisa é bem mais complicada do que só responder "Um investidor espera X% em Y anos" :)
Se você quiser uma leitura um pouco mais detalhada, veja a cartilha do Criatec que é introdutória mas abrangente:
http://www.fundocriatec.com.br/doc1/cartilha_criatec.pdf
Abraço,
-- Yuri
Yuri Gitahy
02/10/2009Edmar,
Respondendo à sua segunda pergunta, não sinto que não existam cases sem modelos de negócio bem definidos por "mero medo do desconhecido" como você citou, mas por motivos variados como:
- o mercado investidor acompanha a maturidade do mercado empreendedor. Se o investidor não vê opções viáveis, aguarda que elas apareçam
- o investidor nem sempre conhece bem a Web e seus modelos de negócio, e nem sempre sabe separar os hits das idéias comuns
- com raras exceções, o brasileiro ainda trabalha clonando serviços internacionais. Investimento normalmente espera inovação, e não cópia.
Tem outros por aí. Você consegue citar alguns possíveis?
Lucas Lessa
03/10/2009Yuri,
Gostaria de parabenizar você por esta iniciativa, com certeza poderemos contribuir muito, na medida do possível estarei contribuindo também, um grande abraço de seu amigo.
Lucas Lessa
Marcos Tareszkiewicz
27/10/2009Parabéns pelo post, é o que precisamos, sou empreendedor e não consigo arrumar um investidor para levar a frente meu projeto, gostaria que vc entrasse em contato por e-mail.
Maurilio Alberone
29/10/2009Yuri, achei fantástica a proposta da Aceleradora. Já inscrevi minha startup e espero que possamos participar deste processo.
Reginaldo Andrade
04/11/2009Otimo post!
iniciativas e informações como essa que farão diferença para mudar a mentalidade comum e fortificar a cultura empreendedora no nosso país...
Eric Santos
13/12/2009Yuri,
Só hoje encontrei esse site e conheci o projeto, mas quero parabenizá-lo pela excelente iniciativa. Certamente o Brasil precisa muito de uma solução para esse gap.
Também gostei muito da estratégia e da apresentação concisa.
Abraços e muito boa sorte na empreitada!
Amy Kansai
04/12/2010comerciante de varejo pode ser startup?
armando
Amy Kansai
04/12/2010comerciante de varejo pode ser startup?
armando
Ana Lucia Milanez
03/05/2011Sou arquiteta brasileira e casada com arquiteto portugues.Chegamos ao Brasil para trabalhar no ramo de nossa especialidade.Criamos um plano de negócio inédito no Brasil, temos todo o projeto documentado e fotografado,para nós a dificuldade está em avançar,pois nosssas economias investimos em restauração de uma show house inteligente,no interior de São Paulo,numa região de Usinas de àlcool e tb futuramente celulose(Tres lagoas MS) cidade muito próspera próxima da que escolhemos(Estância turistica de Pereira Barreto), nossa intenção era saber detalhes de investidores para nossa Empresa que está por ser inaugurada.Queremos levar adiante nosso projeto, pois buscamos através de experiencia unir dois continentes para criar essa show house inteligente, onde para além de vendermos decoração de padrão médio alto,promovemos feiras, eventos culturais(influência europeia)trazendo esta concepção de mercado para além da arte ao interior paulista.Gostariamos de saber se existe possibilidade dentro de nossa área existir algum investidor interessado em conhecer nosso plano de negócio.Meu email p contato é:analucia_milanez@hotmail.com.Se buscares informações no Google tenho lá o registro de minha residência anterior.Grata aguardo informações, se estou no caminho certo !Ana Lúcia Milanez.